Não se trata de um trabalho panfletário. Ao contrário, Firmo deseja operar com o resgate da cultura afro-brasileira como forma de um ativismo sutil, mas que salta eloquente no conjunto de suas fotos. Talvez, por isso, como um flâneur apaixonado pelas ruas e modos de vida descritos nas crônicas e romances de autores inaugurais de sua paixão pela literatura, como Lima Barreto, Nelson Rodrigues e Machado de Assis, Firmo tenha se lançado pelo Brasil para completar sua formação intelectual. Arriscou-se por outras vias a registrar os rituais folclóricos, referenciados nas obras de Mário de Andrade e de Luís da Câmara Cascudo, presentes na vida nacional como resultado da miscigenação de nosso povo. Obstinado, diante da dificuldade da tarefa, percorre diferentes pontos do país movido pelo desejo de captar as cores das vestes e adereços de seus personagens, encantado, por exemplo, pelas festas de bumba meu boi no Maranhão e de São João da Barra, no Espírito Santo. - Angela Magalhães e Nadja Peregrino

SOBRE A AUTOR:
Walter Firmo, nasceu em 1937, no Rio de Janeiro.
Inicia sua carreira como repórter fotográfico no jornal Última Hora em 1957, no Rio de Janeiro. Em seguida trabalha no Jornal do Brasil e integra a primeira equipe da revista Realidade 1967.
No ano de 1963, recebeu o prêmio Esso de Reportagem, conquistado por “Cem dias na Amazônia de ninguém”.
Firmo é conhecido como o “mestre da cor”. Autor de retratos memoráveis de ícones da música brasileira como Pixinguinha, Dona Ivone Lara, Cartola. Outra vertente bastante conhecida de seu trabalho são as imagens de festas populares registradas por todo o Brasil, do carnaval do Rio de Janeiro ao bumba meu boi no Maranhão.