O livro Salada Visual nos convida a fazer uma viagem gráfica ao longo de quase quatro décadas do trabalho artístico de Claudio Rocha/Active Principle/. Nele, vemos obras visuais realizadas a partir de diversas técnicas que, organizadas em forma de livro, criam uma narrativa que modula nossa percepção sobre as imagens.
Tal arranjo propõe uma experiência sensorial e intelectual. O livro e as obras nele expostas funcionam, portanto, como um dispositivo. Mais do que apresentar imagens
a espectadores, seu projeto gráfico nos convida a acessar um procedimento poético e composicional, como se o livro evidenciasse uma metodologia artística particular, baseada numa estética narrativa em que as aproximações e enredos se dão a partir de uma lógica visual provocativa.

Embora o conteúdo do livro seja em grande parte composto por imagens, há uma presença importante do texto que, além de ser lido como conteúdo, deve ser visto também como imagem — em que reconhecemos a dimensão artística da tipografia.
Ao mesmo tempo, é uma experiência artístico-intelectual — o que explica não só a presença de um texto composto a partir de uma “conversa” com uma ferramenta de IA sobre o sublime em Kant, como também justifica a inserção de um curioso ensaio do filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser sobre O Mito do Cubo. Isso deixa claro que a lógica presente no livro Salada Visual não é a mesma de uma retrospectiva, aproximando-se mais a uma espécie de foto-livro ou de um livro-de-artista.